Empresas Familiares: Casos de Sucesso

21/01/2013

Ao contrário do que se imagina, a gestão de uma empresa familiar não é tarefa simples. A administração dos relacionamentos familiares pode ser a razão do sucesso ou fracasso da companhia. O assunto torna-se ainda mais delicado quando envolve o processo de transição por outro membro da família.

No entanto, apesar das dificuldades, os dados não são apenas negativos: há inúmeros casos de sucesso, nos quais os herdeiros conseguiram dar continuidade ao árduo trabalho do fundador. E engana-se quem pensa que este é um processo apenas das grandes empresas; pequenas e médias também precisam enfrentar a sucessão, que pode ser a fase decisória para sua continuidade ou dissolução.

A empresa Zildjian surgiu na Turquia em 1623 e hoje é administrada pela 14ª geração da família, honrando seus quase quatro séculos de tradição ao manter-se como a maior fabricante de pratos para baterias. A companhia hoje tem sede nos Estados Unidos e destaca-se pela qualidade do produto, controlando, assim, 65% do mercado mundial. A mistura de metais para criação dos pratos desenvolvida pelo fundador da empresa, Avedis Zildjian I, até hoje é um mistério do qual poucos empregados têm acesso.

Contudo, este é apenas um dos segredos do sucesso da companhia. Qualquer familiar que pretenda trabalhar na empresa necessita do diploma universitário, preferencialmente relacionado com gestão de negócios, além de experiência em outras empresas, o que demonstra a importância da profissionalização dos membros da família.

Em seus 60 anos de existência, a padaria Pão de Açúcar transformou-se em uma das maiores redes de supermercados. Chegou a ver a falência de perto ao fechar 400 unidades e demitir quase 30 mil funcionários. Foi então que o empresário Abílio Diniz, filho do fundador da empresa, Valentim dos Santos Diniz, conseguiu transformar o grupo familiar num dos mais tradicionais do país: vendeu imóveis e carros da companhia, realizou empréstimos, fechou lojas não lucrativas e vendeu empresas coligadas. Em 2006, o grupo contratou pela primeira vez alguém que não é membro da família para presidir a companhia, o que permitiu uma maior flexibilidade nas tomadas de decisões.

Ao final da década de 50, seu Duda e dona Adelina decidiram transformar em camisas um estoque de tecidos outrora comprado de forma exagerado. Hoje, a Dudalina produz cerca de 2 milhões de peças por ano. Exemplo bem sucedido no processo de sucessão de uma empresa familiar, Sônia Hess de Souza, a sexta dos 16 filhos do casal, que quando criança ajudava a embalar as camisas, assumiu a presidência em 2003 junto com mais dois irmãos. A família apostou na profissionalização e três netas do casal fundador já estão trabalhando na empresa, assim, evita-se um processo sucessório difícil, verificando-se a competência, vocação e vontade dos herdeiros para gerir os negócios.

Com base nestes e outros exemplos de sucesso, é possível afirmar que independente do fechamento ou abertura de capital, de sucessão familiar ou profissional, a transição nas empresas familiares precisa do comprometimento tanto dos fundadores quanto dos herdeiros, que, em conjunto com uma Assessoria Jurídica especializada no assunto, podem assegurar a longevidade da empresa, de forma saudável e sustentável.

Beatriz B. Nóbile e Polyanna L. Barbosa


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